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Gálatas 3 Estudo: Por que a fé em Cristo é maior que a lei?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

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Gálatas 3 é um dos textos mais densos e, ao mesmo tempo, libertadores do apóstolo Paulo. Sempre que leio esse capítulo, fico impressionado com a clareza com que ele mostra que a salvação não vem dos nossos esforços, mas da promessa de Deus. Paulo fala de forma direta, quase como um pastor aflito tentando abrir os olhos de seus filhos espirituais que estavam sendo enganados.

Qual é o contexto histórico e teológico de Gálatas 3?

A carta aos Gálatas foi escrita por volta do ano 49 ou 50 d.C., como uma resposta pastoral e teológica de Paulo à crise nas igrejas da Galácia. Essas igrejas, fundadas em sua primeira viagem missionária, estavam sendo influenciadas por um grupo conhecido como judaizantes. Esses homens afirmavam que, além da fé em Cristo, era necessário guardar a lei de Moisés para ser salvo, incluindo práticas como a circuncisão, o sábado e as festas judaicas (HENDRIKSEN, 2009).

A região da Galácia estava localizada na atual Turquia. Era um território composto tanto por judeus quanto por gentios. Depois da partida de Paulo, os judaizantes se infiltraram e começaram a ensinar que a fé em Jesus era importante, mas não suficiente. Segundo eles, os gentios só seriam aceitos plenamente no povo de Deus se obedecessem também à lei de Moisés.

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Essa distorção atingia o cerne do evangelho. Se a salvação fosse, em parte, pela obediência à lei, ela deixaria de ser um presente da graça e se tornaria uma conquista humana. Por isso, Gálatas 3 é um capítulo-chave. Nele, Paulo argumenta, com base nas Escrituras e na experiência, que a justificação diante de Deus vem somente pela fé, e que a promessa feita a Abraão é superior e anterior à lei (KEENER, 2017).

Como o texto de Gálatas 3 se desenvolve?

1. O apelo à experiência dos gálatas (Gálatas 3.1-5)

Paulo começa com um tom forte: “Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou?” (Gálatas 3.1). Ele está perplexo com a facilidade com que eles foram enganados. Para ele, era como se alguém tivesse lançado um feitiço sobre eles, obscurecendo o entendimento.

Ele lembra que “Jesus Cristo foi exposto como crucificado” diante dos olhos deles. A mensagem do evangelho havia sido pregada de forma clara, mostrando que a cruz de Cristo era suficiente para a salvação.

Paulo então faz uma pergunta direta: “Foi pela prática da lei que vocês receberam o Espírito, ou pela fé naquilo que ouviram?” (Gálatas 3.2). Ele os convida a lembrar da experiência que tiveram ao crerem no evangelho. Eles receberam o Espírito Santo, testemunharam milagres, não por obras da lei, mas pela fé.

Eu gosto de como ele insiste nessa reflexão. Paulo os leva a considerar: “Tendo começado pelo Espírito, querem agora se aperfeiçoar pelo esforço próprio?” (Gálatas 3.3). É como se dissesse: “Vocês começaram na graça e agora querem terminar na carne?”.

Keener destaca que, no pensamento judaico, o Espírito Santo era a marca da nova era messiânica. Receber o Espírito sem as obras da lei era a maior evidência de que Deus já estava agindo de forma graciosa, cumprindo suas promessas (KEENER, 2017).

2. O exemplo de Abraão e a bênção da fé (Gálatas 3.6-9)

Para reforçar o argumento, Paulo recorre ao Antigo Testamento: “Considerem o exemplo de Abraão: ‘Ele creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça’” (Gálatas 3.6).

Abraão foi justificado não pelas obras, mas pela fé. E Paulo conclui: “Os que são da fé, estes é que são filhos de Abraão” (Gálatas 3.7).

Essa afirmação derruba o orgulho dos judaizantes. Segundo Paulo, o que define um verdadeiro filho de Abraão não é a linhagem genética nem a observância da lei, mas a fé.

A Escritura já previa que “Deus justificaria pela fé os gentios” e anunciou a Abraão: “Por meio de você todas as nações serão abençoadas” (Gálatas 3.8; cf. Gênesis 12.3).

Assim, todos os que creem são abençoados junto com Abraão, o homem de fé.

3. A maldição da lei e a redenção em Cristo (Gálatas 3.10-14)

Paulo mostra o contraste entre a fé e a lei. Ele afirma: “Os que são pela prática da lei estão debaixo de maldição” (Gálatas 3.10). Isso porque a lei exige obediência perfeita, e ninguém consegue cumpri-la plenamente.

Ele cita o Antigo Testamento: “Maldito todo aquele que não persiste em praticar todas as coisas escritas no livro da Lei” (Gálatas 3.10; cf. Deuteronômio 27.26).

A conclusão é simples: “Ninguém é justificado pela lei” (Gálatas 3.11), pois “o justo viverá pela fé” (cf. Habacuque 2.4).

Cristo nos redimiu da maldição ao se tornar maldição em nosso lugar, ao ser pendurado no madeiro (Gálatas 3.13). Com isso, a bênção de Abraão alcança também os gentios e todos recebem a promessa do Espírito mediante a fé (Gálatas 3.14).

Esse é um dos textos mais preciosos da Bíblia. Eu sempre me lembro de que minha aceitação diante de Deus não depende do meu desempenho, mas da obra de Cristo na cruz.

4. A superioridade da promessa sobre a lei (Gálatas 3.15-18)

Paulo ilustra com algo comum: “Ninguém pode anular um testamento depois de ratificado” (Gálatas 3.15). Assim também, a promessa feita a Abraão não foi anulada pela lei, que veio 430 anos depois.

A promessa era direcionada a “um só descendente”, isto é, Cristo (Gálatas 3.16). Portanto, a herança da salvação depende da promessa e não da lei.

Hendriksen explica que essa promessa tem a natureza de um testamento, uma dádiva soberana de Deus, que não pode ser anulada ou alterada (HENDRIKSEN, 2009).

5. O propósito da lei e sua limitação (Gálatas 3.19-25)

Então, para que serve a lei? Paulo responde: “Foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o Descendente” (Gálatas 3.19).

A lei teve um papel temporário e pedagógico. Ela revelou o pecado, colocou limites, preparou o caminho para Cristo.

Paulo usa a figura do tutor ou guardião. A lei foi nosso “tutor até Cristo”, para que fôssemos justificados pela fé (Gálatas 3.24).

Agora que Cristo veio, não estamos mais sob o controle do tutor. A fé nos trouxe à maturidade espiritual.

6. A verdadeira identidade dos crentes (Gálatas 3.26-29)

Paulo encerra o capítulo lembrando nossa nova identidade: “Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (Gálatas 3.26).

O batismo simboliza essa união com Cristo: “os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram” (Gálatas 3.27).

Em Cristo, todas as barreiras caem: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.28).

E se pertencemos a Cristo, somos “descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3.29).

Que conexões proféticas encontramos em Gálatas 3?

Gálatas 3 ecoa diretamente as promessas feitas a Abraão em Gênesis 12.3, Gênesis 15.6 e Gênesis 22.18. Nessas passagens, Deus promete que por meio da descendência de Abraão todas as nações seriam abençoadas.

Paulo afirma que essa “descendência” se refere, em última análise, a Cristo, o Messias prometido. Ele é o verdadeiro herdeiro das promessas e, por meio dele, judeus e gentios são integrados à família de Deus.

Além disso, o texto se conecta com as profecias de Isaías, que apontam para a inclusão dos gentios no povo de Deus, como vemos em Isaías 49.6 e Isaías 56.7.

A promessa do Espírito Santo mencionada em Gálatas 3.14 também remete à profecia de Joel, que dizia que o Espírito seria derramado sobre “toda a humanidade” (Joel 2.28).

O que Gálatas 3 me ensina para a vida hoje?

Sempre que leio esse capítulo, sou lembrado de verdades que fortalecem minha fé:

  • A salvação é pela graça, mediante a fé. Não existe mérito humano na salvação.
  • A lei tem seu valor, mas não pode salvar. Ela revela o pecado e me conduz a Cristo.
  • Em Cristo, minha identidade está firmada. Sou filho de Deus e herdeiro da promessa.
  • As divisões humanas não fazem sentido no corpo de Cristo. Não importa minha origem, posição social ou gênero, em Cristo somos um só povo.
  • Preciso abandonar qualquer tentação de tentar agradar a Deus pelas minhas obras ou desempenho. A obra já foi feita na cruz.

Esse texto me desafia a confiar somente em Cristo e a viver com a alegria de quem sabe que a promessa de Deus é imutável e garantida.


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